
Faleceu com 62 anos, portanto, podemos dizer que é da nossa geração (da maioria dos que acompanham este blogue), que viveu acontecimentos que também marcaram o nosso imaginário político. Comungamos de muitas das suas alegrias e dos seus descontentamentos e perplexidades. Por isso, não resisto a transcrever um belíssimo texto sobre a nossa geração. Porque fomos revolucionários e perdemos a revolução.
"Ninguém se deve sentir culpado por nascer no local certo na altura certa. Nós, no Ocidente, fomos uma geração com sorte. Não mudámos o mundo; em vez disso, o mundo, obsequioso, mudou para nós. Tudo parecia possível: ao contrário dos jovens de hoje, nunca duvidámos de que haveria um trabalho interessante para nós e por isso não sentimos a necessidade de desperdiçar o nosso tempo em algo tão degradante como uma «faculdade de gestão». A maioria conseguiu empregos úteis na função pública ou no ensino. Dedicámos a nossa energia a discutir o que estava mal no mundo e como mudá-lo. Protestámos contra as coisas de que não gostávamos e ainda bem que o fizemos. Aos nossos olhos, pelo menos, fomos uma geração revolucionária. É uma pena que tenhamos perdido a revolução." (Tony Judt, O Chalet da Memória, Lisboa, Ed. 70, 2011, pp. 126-127)
Quando as noites de inverno apertarem e se ouvir o vento e a chuva lá fora, à desfilada, não percamos este livro: a sua amargura lúcida segreda-nos que não estamos sózinhos.
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