"Os bancos, já atingidos pelo boom especulativo imobiliário que, com a tradicional aliança entre otimistas auto-iludidos e a crescente desonestidade financeira, chegara ao auge alguns anos antes do Grande Crash, estavam sobrecarregados de dívidas não saldadas, recusavam novos empréstimos para habitação e refinanciamento para os existentes. Isso não os impediu de irem à falência aos milhares, quando (1933) quase metade das hipotecas americanas ficaram em atraso e eram executadas mil propriedades por dia."
(Eric Hobsbawm, A Era dos Extremos, Lisboa, Editorial Presença, 1996, pp. 106-107)
Isto passou-se entre 1929 e 1933, com a crise do sistema bancário dos EUA a atingir a economia industrial norte-americana e a repercutir-se na economia alemã e europeia. Uns anos antes, no seguimento do Tratado de Paz de Versalhes, em 1919, a Alemanha, responsabilizada pelos custos da guerra, foi obrigada a financiar-se no exterior, pelo que a sua dívida soberana arrastava-se pelas ruas da amargura. Se tivéssemos aprendido com a História, poderíamos perguntar agora, perante a dramática crise que se instalou entre nós: onde é que eu já vi este filme?...
São as crises ciclicas do capitalismo a quem ninguem escapa. Alguns, lembrando-se disso, planeiam recolher antes delas, o que a outros pertence para navegarem por cima da onda dos tsunamis finnaceiros. Parte desses, burlam o Estado, isto é, nós, e outros encontram o el dorado numa qualquer administração que lhes sai do naipo de favores em carteira política escrupulosamente organizada.
ResponderEliminarExcelentemente observado... E de crise em crise até ao desespero final, porque os responsáveis ficam cá fora à espera das voltas do carrossel.
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