No imaginário social, como nas projecções futuristas da literatura de ficção científica, sempre se idealizou a hipótese de um governo mundial como solução definitiva para os conflitos entre as nações. A instauração de um governo mundial coincidiria com o início de um período de desenvolvimento e paz para a Humanidade. Mesmo depois da queda do Império Romano persistia a convicção de que a alternativa sólida à barbárie estaria no governo único de um imperador. Este grandioso reino terreno seria o reflexo mais apropriado do próprio reino celestial, a criação do reino do Céu na Terra (Cf. Tom Holland, Milénio, Lisboa, Alêtheia Editores, 2009, pp. 13). Pelo que se compreende melhor o alcance da separação entre a Igreja e o Estado, uma distinção que fundou o Ocidente e estabeleceu os alicerces dos modernos Estados europeus. Uma distinção estranha aos fundamentalistas islâmicos. É assim que podemos situar aí a fundação da Europa, no encontro de Canossa em 1077 entre o papa Gregório e Henrique IV do Sacro Império Romano-Germânico, onde se consagrou a separação entre a ordem espiritual e a ordem secular, impondo ordem num mundo então excessivamente agitado. Segundo Richard Southern, (Western Society and the Church in the Middle Ages, p. 34) foi aí que começou a expansão da Europa.
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