terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ver com as mãos

Muitas vezes, na minha infância, era censurado por mexer nas coisas que observava. Perguntavam-me, então, em tom de censura, se eu via com as mãos. De facto, na altura, víamos com as mãos, gostávamos de tocar e mexer nas coisas com as mãos, sentir a materialidade das coisas. Ao contrário dos jovens de hoje que dispensam as mãos, evitam mexer, não ousam tocar ou apalpar. Dispensam as mãos, ou melhor, apenas aproveitam a ponta dos dedos: o tocar resume-se a teclar. Lidando com realidades virtuais, intangíveis, os jovens não precisam das mãos; o seu trabalho ou relação com o mundo não passa por tocar ou mexer. Aliás, no futuro, com o computador a dominar cada vez mais exclusivamente a relação do homem com o meio que o envolve, as próprias tarefas do computador poderão ser decididas e executadas pela voz ou por movimentos do olhar. No futuro, poderão enfiar as mãos nos bolsos ou ficar de braços cruzados. E em vez de não ver com as mãos, passarão a mexer com os olhos.

2 comentários:

  1. Olá!
    Também na minha infância era censurada por "ver com as mãos"!...
    Bj e um grande, grande 2012.

    Mena

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  2. Infelizmente essa é a mais pura verdade, eu por acaso quando era pequenina também tinha essa mania de mexer em tudo, no entanto hoje, por mais que tente mudar esse hábito, o computador e o telemóvel são as únicas coisas em que realmente mexo, por vezes tento passar a ideia de que é bom brincar, sujar, tudo um pouco, à minha irmã mais nova... Mas nem vale a pena.

    Bjs stor :D

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