terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

amor difícil

A  propaganda neo-liberal, apesar do seu afinco em tentar demonstrar que o Estado é um estorvo e o paraíso funciona segundo as leis de um mercado desregulado, não consegue esconder as suas contradições. Nomeadamente, quando perante as falências e os prejuízos, se recorre ao dinheiro dos contribuintes. Nestes casos, diz-se que se socializam os prejuízos e privatizam os lucros. Noam Chomsky refere-se a estas práticas com palavras esclarecedoras: "protecção estatal e subsídio público para os ricos, disciplina de mercado para os pobres" (Noam CHOMSKY, A Democracia e os Mercados na Nova Ordem Mundial, Lisboa, Antígona, 2000, p. 58). Essa duplicidade, continua Chomsky nessa conferência de 1994 (!) realizada na Universidade de Duke, revela-se depois na política dos governos, com cortes nas políticas sociais e aumento do bem-estar dos ricos, com medidas fiscais regressivas e subsídios sem limites. Essa política apresentada como cortando com a dependência da sociedade em relação ao Estado leva o nome de «amor difícil». Só que, no fim de contas, isso significa amor para os ricos e difícil para os outros.

1 comentário:

  1. O neoliberalismo FOI GERADO por décadas de
    keynesianismo "salvador" (do sistema capitalista) a este regressando quando a inoperancia para relançar a economia for total e se consumar mais uma "destruição salvadora" para utilizar a expressão de Schumpeter ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Destrui%C3%A7%C3%A3o_criadora ). De passagem, constituir-se-á mais um bom lote de fortunas, e as mais fortes economias do mundo necessitarão, como acontece, que investidores de toda a parte lhes injectem milhões e milhões de euros diáriamente. E até os neoliberais sabem lá no fundo que o laissez-
    faire é uma treta, para começar os mercados nunca foram nem são livres, antes são subjugados pelos grandes grupos económicos os quais a seu turno contam com os Estados protectores a fim de rasgar novos mercados e em sentido inverso os protejam com barreiras protecionistas,procurando que não os sobrecarreguem com impostos e por outro lado esperando que os governos encaminhem para si o dinheiro dos contribuintes, ou que globalizem ou que abram excepções se necessário. Ontem como hoje o Estado é um elemento central no capitalismo, um exemplo: foi só no 4º trimestre de 2001 que a economia USA teve um arranque assinalável graças ao esforço bélico contra o Afeganistão. Com ideologia oficial neoliberal, neokeynesiana, ou capitalismo de estado, dir-se-ia que a economia mercantil baseada no trabalho assalariado só se consegue aguentar com guerra aqui, guerra
    acolá...

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